setembro 10, 2007

Faz-me rir!

“A crítica é pública e o elogio é privado”. Ouvi isso de um amigo agora a pouco sobre algumas dicas para jornalistas. Pensando bem. Acho que essa dica vale para muita gente, mas muita gente mesmo. Gente que perde tempo pensando em tanta baboseira.

Pensemos então. O elogio é privado, correto? Mas é privado para quem quer que seja. [Passando para a primeira pessoa] Quando eu recebo um elogio que gosto o torno público, sem problema algum. Foi assim como quando fui nomeada de bonequinha e até agora como quando fui classificada como uma das sete maravilhas do Rio (risos). Mas, cá entre nós, tentar tornar uma crítica pública por meio de uma mensagem subliminar (...) Isso é para poucos. Bem poucos mesmo. E pouquíssimos conseguem.

Deparei-me com uma tentativa hoje. Cena hilária. De tão ridícula resolvi escrever aqui no Sorrisos Plásticos, pois sei que vou atingir meu público alvo e cativo (mais risos).

Ctrl C + Ctrl V

O uso do copiar e colar pela rede tem feito com que autores como Oscar Wilde, não revele as entrelinhas de seus pensamentos, como deveriam. Isso acontece porque muitos que navegam por aí não se preocupam com a essência do significado de palavras, orações e frases.

Por exemplo:

"A consciência de amar e ser amado traz um conforto e riqueza à vida que nada mais consegue trazer", de Oscar Wilde, ultrapassa a barreira do amor entre um homem e uma mulher. Ele fala de amor, puro e simples, como “Amar o teu próximo como a ti mesmo”. É bíblico, mas é amor.

Sábio autor. Saber (realmente) que você é correspondido no amor traz uma riqueza que nada mais consegue trazer. Se traz... (muitos risos)

Crise de identidade

Ser uma das sete maravilhas do Rio então... Provoca nas pessoas o que eu chamaria de crise de identidade. Para explicar melhor volto ao público e privado. Ser ou não ser uma das sete maravilhas não é o que está em questão, mas sim, o fato de que hoje em dia não se pode nem receber mais elogios (cruz credo!). Conselho: se recebê-los, torne-os privados, assim você não estará sujeito a plágio ou algo assim. (risos, risos e mais risos)

Mas já que eu gosto de torná-los públicos, o mesmo amigo que me nomeou como uma das sete maravilhas, dia desses reiterou que o Rio perderá uma das suas sete maravilhas para São Paulo, sob protesto! (rá-rá-rá!)

Se sob protesto ou não. Se sou uma maravilha ou não. Se estou amando ou não. Se estou sendo amada ou não. É o que menos importa. O que importa mesmo é ter a certeza que a tática do público versus privado incomoda muita gente. Gente como aquelas que disse lá em cima, que perdem tempo e energia com tanta baboseira.

Faz-me rir!
Essa gente tem conseguido. Ando rindo (e me divertindo) prá caramba!

Quem sou eu para mim?
Só uma sensação minha
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Marcinha, que trabalha comigo na Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Resende, já há algum tempo disse que me apresentaria Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro ou, simplesmente, os heterônimos de Pessoa. Pois bem. Maçaroca - a prima da Voçoroca (rs) - é uma moça que cumpre com sua palavra e me enviou um e-mail hoje com os estilos de Fernando Pessoa. Eu que já gostava da poesia desse português, fiquei encantada com todas as possibilidades de ser quem quiser ser em apenas um ser.
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Já que os conheci e ainda não consegui eleger o Pessoa que mais gosto, apresento a vocês, leitores do Sorrisos Plásticos, um pouco de cada heterônimo, pois poesia faz bem ao coração.

Fernando Pessoa como ele mesmo
Confuso com seus heterônimos que parecem ter vida própria, além da sua vontade.

“Não sei quantas almas tenho
A cada momento mudei
Continuamente me estranho
Nunca me vi nem achei
De tanto ser, só tenho alma
Quem tem alma não tem calma
Quem vê é só o que vê
Quem sente não é quem é

Atento ao que sou e vejo
Torno-me ele e não eu
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu
Sou minha própria paisagem
Diverso, móbil e só

Não sei sentir-me onde estou
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas meu ser
O que segue, não prevendo
O que passou a esquecer
Noto à margem do que li
O que julguei que senti
Releio e digo: fui eu?
Deus sabe, porque o escreveu”.

Fernando Pessoa como Ricardo Reis
O poeta romântico e pragmático ao mesmo tempo.

“Segue o teu destino
Rega as tuas plantas
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Vive simplesmente.
Deixa a dor na aras
Como ex-votos aos deuses.

Vê de longe a vida,
Nunca interrogues.
Ela nada pode dizer-te.
A resposta está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não pensam”.

Fernando Pessoa como Álvaro de Campos
O heterônimo mais emotivo e revoltado.

“Nunca conheci quem tivesse levado porrada
Todos os meus conhecidos têm sito campeões em tudo
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil
Eu, tantas vezes irrespondivelmente parasita
Indesculpavelmente sujo
Eu que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante
Que tenho sofrido enxovalhos e me calado
E que quando não tenho calado tenho sido mais ridículo ainda
Eu que tenho sido cômico às criadas de hotel
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos de moços dos fretes
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras
Pedido emprestado sem pagar
Eu que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado para fora da possibilidade do soco
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas
Eu verifico que não tenho par nisso tudo neste mundo
Toda a gente que eu não conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia
Que contasse não uma violência, mas uma cobardia!
Não! São todos o ideal se os oiço e me falam
Quem há, neste largo mundo, que me confesse que uma vez foi vil? Ó príncipes, meus irmãos!
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não o terem amado
Podem ter sido traídos, mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil.
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza!”

Fernando Pessoa como Alberto Caeiro
O poeta filósofo, pensador - o mais leve de todos os heterônimos criados por ele.

“Se eu morrer novo,
Sem poder publicar livro nenhum
Sem ver a cara que têm os meus versos em letra impressa
Peço que, se quiserem ralar por minha causa
Que não se ralem.
Se assim aconteceu, assim está certo.
Mesmo que meus versos nunca sejam impressos
Eles lá terão a sua beleza, se forem belos.

Se eu morrer muito novo, oiçam isto:
Nunca fui senão uma criança que brincava
Fui gentio como o sol e a água
Deu uma religião universal que só os homens não têm
Fui feliz porque não pedi coisa nenhuma
Nem procurei achar nada
Nem achei que houvesse mais explicação
Que a palavra explicação não ter sentido nenhum

Não desejei senão estar ao sol ou à chuva
Ao sol quando havia sol
E à chuva quando estava chovendo
(e nunca outra coisa)
Sentir calor e frio e vento
E não ir mais longe
Sentir pe estar distraído

Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia
Não há nada mais simples
Tem só duas datas: a da minha nascença e a da minha morte
Entre uma coisa e outra, todos os dias são meus
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança
Fechei os olhos e dormi
Além disso, fui o único poeta da natureza”.

- pensando bem, acho que gosto de Pessoa como ele mesmo -

Pessoa como ele mesmo

“Desenganemo-nos da esperança, porque trai
Do amor, porque cansa
Da vida, porque farta e não sacia
E até da morte, porque traz mais do que se quer e menos do que se espera.
Desenganemo-nos do nosso próprio tédio, porque envelhece de si próprio e não ousa ser toda a angústia que é.
Não choremos, não odiemos, não desejemos...
Cubramos, ó silenciosa, com um lençol de linho fino o perfil hirto da nossa imperfeição...”

Onde vai parar isso?

Do C-se, com informações do jornal Extra e Folha de São Paulo

Universal pede ajuda dos fiéis para ampliar rede de rádios através de carnês

"Um bloco com 12 carnês bancários sugerindo pagamento mensal de R$ 20 foi distribuído pela Igreja Universal no culto do sábado (08/09) no Rio de Janeiro. Trata-se de uma campanha pela ampliação da rede de rádios que a igreja possui.

“A mídia é um canal valioso que a Igreja Universal tem usado na propagação da Palavra de Deus, e o rádio é a principal ferramenta capaz de alcançar aqueles que moram nas mais distantes regiões. (…) É através de programas de rádios que, a cada dia, milhares de doentes, presidiários, viciados e desesperados ouvem a mensagem de fé e são abençoados, curados e libertos”, diz uma mensagem na capa dos carnês.

Chamados de “auxiliares”, os fiéis que contribuírem com a campanha terão seus nomes inclusos na “lista dos auxiliares do bispo Edir Macedo”. “Logo após você pagar, e entregar o comprovante na igreja, seu nome chega aos nossos computadores. Aí estaremos orando por você toda a madrugada. (...) Então tem de ser feito mensalmente", disse no culto o fundador da Igreja Universal, o bispo Edir Macedo, segundo a Folha de S. Paulo.

A rede hoje é composta por 17 rádios em São Paulo, sete no Rio de Janeiro, duas no Rio Grande do Sul e outras espalhadas pelo País. A Igreja Universal ainda atua na mídia impressa pelo jornal Folha Universal, revista Plenitude, possui o portal de notícias Arca Universal, além de programação diária na TV Record, Rede Mulher, Rede Família e CNT.

O diretor responsável pelos projetos de expansão das rádios da Universal não retornou os contatos da nossa reportagem até o fechamento desta matéria".

Só para lembrar - Edir Macedo comprou as três emissoras de TV da Record de São Paulo no final dos anos 80. Em 1992 foi preso sob acusação de charlatanismo, curandeirismo e estelionato.