maio 31, 2007

Se aos três anos eu soubesse escrever, o texto de 25 anos atrás seria assim...

Rio de Janeiro, 31 de maio de 1982.

Hoje minha mãe saiu às pressas, com dores, para o hospital. Acudida pelo meu pai, lá se foram eles e eu fiquei com a tia Leila esperando por notícias. Durante horas algo me angustiava e eu ainda não sabia o que era, quando de repente, o telefone toca e o motivo para tanta angústia, acabava de nascer, chamava-se Andressa - minha irmã.

A idéia não foi muito bem aceita, por mim, confesso. Afinal de contas durante três anos, eu imperei na vida do papai e da mamãe e, do nada, bem no dia do meu aniversário, 2 de junho, eis que o novo habitante da minha casa, chegava pela primeira vez ao nosso lar.

Não sei se vocês entenderam bem. Sim. Dia 2 de junho, data em que eu completaria três aninhos e os holofotes estavam todos voltados para minha irmãzinha, aquele serzinho pequenino, de cabelos pretos escorridos e olhos azuis. Minha mãe dizia: - Tatá venha conhecer sua irmã. E eu pensava: - Onde estão os meus amiguinhos? A minha festa? Na realidade, a festa era dela. Era ela que acabara de chegar.

E foi bem assim, em 1982, que entendi pela primeira vez o significado da palavra "dividir". Afinal de contas, o meu mundo não era só meu mais. Era meu e da Dedê - a irmã mais meiga e chorona que Deus poderia me dar. Irmã que aprendi a gostar como quem gosta de uma boneca, sabe? Fui flagrada várias vezes pela minha mãe com a Andressa no colo. E dizia: - Mãe, ela acordou. [Tadinha da Dedê. Mal sabia a mami que eu a retirava do berço para brincar mesmo] E com um frio na barriga, mamãe dizia: - Que bom, Tatá. Me dá ela agora então, pois ela deve estar com fome, né?

De fato minha mãe é a rainha da paciência.

O dia 31 de maio de 1982 passou voando e ao longo dos anos, juntinhas, fomos crescendo. Pela proximidade das datas, nossas festas de aniversário sempre foram juntas, mas uma coisa eu nunca conseguia entender: - Porque as nossas roupas eram sempre iguais? Não éramos (e nem somos) gêmeas. Vai entender... Coisa de mãe.

O tempo passou e as irmãs cresceram, uma morena (euzinha, que com a ajuda da água oxigenada fiquei loirinha, rs...) e a outra loira. Uma com o gênio forte, de falar sem pensar, embora muito sensível (euzinha que vos falo) e a outra meiga, de fala mansa, mas de uma personalidade, que minha nossa senhora!

Hoje, aquela pequenina de cabelos pretos e olhos azuis, trata-se de uma bela loira de olhos castanhos e que está comemorando seu 25º aniversário ou um quarto de século, como gosto de dizer.

É. A pequena que apagou meus holofotes há 25 anos é o motivo para que eu os ascenda novamente hoje, 31 de maio de 2007 - simplesmente - por que no decorrer dos anos, entendi que ela, assim como minha mãe e meu pai, é a minha família.

Entendi que apesar da brigas e das opiniões diferentes, nós somos irmãs.

Entendi que somos nós que daremos continuidade aos sonhos de nossos pais quando eles se forem.

Entendi ainda que cada uma de nós tem luz própria e não precisamos do holofote uma da outra. Na verdade, nós roubamos a cena mesmo, em qualquer lugar, seja onde for...

Entendi, Dedê, que amo você, incondicionalmente.


F e l i z a n i v e r s á r i o !
Você merece toda a felicidade do mundo, pois é muito especial!