julho 18, 2007

Acidente do vôo 3054

O Brasil está de luto, oficialmente, por três dias - conforme decretou o presidente Lula, mas a realidade é assustadora: por quanto tempo nós brasileiros estamos de luto? Luto pelo descaso do governo federal com o caos aéreo, com a saúde pública e com o ensino básico? Isso aqui não é politicagem. É apenas o desabafo de uma jornalista que enxerga o que está acontecendo em nosso entorno de maneira apática.

Sim. Estou boba. Boba por entender que a vida de todas essas pessoas foi em vão, porque o governo federal não tomará as atitudes devidas. Estou desacreditada. Ouvi hoje na tevê que a Infraero pediu a ajuda da Polícia Federal para inspecionar a pista recém-reformada do Aeroporto de Congonhas. Peraê! A Infraero não sabia quais eram as condições da pista e mesmo assim a liberou? Liberou para o aeroporto de maior movimento do país? É isso mesmo? Até onde vai a irresponsabilidade dessa gente e até quando vai durar o nosso luto?

Tomara que dure apenas até o final de 2010. Tomara que a mudança aconteça nas próximas eleições presidenciais e - tomara - que o povo brasileiro saiba eleger seu maior representante. Mas, sinceramente, nem sei se ainda existe gente que consiga colocar ordem nisso aqui que chamamos de país, mas se existir, por favor, apresente-se.

Para falar verdade, hoje eu não me sinto no direito nem de lamentar o voto dos brasileiros, mas apenas a vida das 186 pessoas que estavam a bordo do avião da TAM, que derrapou na pista do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, atravessou a Avenida Washington Luís e bateu em um prédio de carga e descarga da companhia aérea, no final da tarde de ontem.

O acidente é o maior da aviação no país.

Se o Lula gosta de contabilizar índices. Pronto, ele conseguiu mais um.

- Em abril de 1980, 54 pessoas morreram no acidente com Boeing da Transbrasil em Florianópolis. Quatro ocupantes do avião sobreviveram. Vôo era entre São Paulo e Porto Alegre, com escala na capital catarinense.

- Em junho de 1982, no Ceará, 137 pessoas morreram no choque de um Boeing da Vasp contra uma montanha da Serra de Aratanha, a 30 km de Fortaleza.

- Em 31 de outubro de 1996, um Fokker-100 da TAM caiu em uma rua de São Paulo, matando as 96 pessoas que estavam a bordo, além de três em terra. O acidente aconteceu logo após a decolagem no Aeroporto de Congonhas.

- Em maio de 2004, 33 pessoas morreram na queda de um avião da Rico Linhas Aéreas que se preparava para pousar no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus.

- Em 29 de setembro de 2006, um Boeing da Gol se chocou no ar com um jato Legacy e caiu em Mato Grosso. Todas as 154 pessoas (informações iniciais eram de que haveria 155) a bordo do avião morreram; os ocupantes do jatinho nada sofreram.

- Em 17 de julho de 2007, morrem mais 189 pessoas.

Eu continuo a perguntar senhor presidente:
Quantas pessoas mais precisarão morrer para que o caos aéreo seja solucionado?

Será que não era o momento de privatizar a aviação civil, assim como acontece em tantos outros países? A solução eu - realmente - não sei qual é. Mas como brasileira sinto-me no direito de exigir uma o mais rápido possível.

O absurdo dos absurdos!

Mantega diz que caos aéreo indica prosperidade; CPI ataca ministro

Mais uma pérola dita por um dos ministros do Lula LÁ à Folha de São Paulo.

Perguntinha presidente: qual é próximo a dizer mais uma besteira?

O senhor anda bem quietinho, né?

Repito: r e l a x a - e - m o r r a !