Jornalistas, uni-vos!
Quem me conhece, sabe. Eu não poderia ficar calada diante da matéria publicada hoje, no Diário do Vale, na editoria de economia. Por isso, escrevi a carta abaixo ao jornal Diário do Vale. Trata-se da opinião pessoal de uma jornalista que está cansada de ver tudo o que acontece nesta região e não fazer nada. Se você também é jornalista e também está cansado. Faça sua parte!
Resende, 7 de agosto de 2007.
À direção do Diário do Vale, aos editores, à chefia de reportagem e a quem interessar possa;
Inacreditável a matéria publicada na edição desta terça-feira, no Diário do Vale, na editoria de “Economia”, cujo o título é “JC vai à posse do Presidente da Fenaj”. Realmente. I-N-A-C-R-E-D-I-T-Á-V-E-L. Primeiro, porque falando de jornalista para jornalistas, o lead da matéria parece mais um release do que uma matéria redigida por um jornal. Segundo, ainda falando de jornalista para jornalistas, qual é o interesse dos leitores do Diário do Vale neste assunto (?), a não ser auto-promoção de JC Moreira, intitulado presidente do Sindicato dos Jornalistas do Sul Fluminense. Terceiro, se era para o jornal publicar algo sobre o Congresso que fosse sobre a discussão do novo código de ética dos jornalistas, mas não, de um evento social, como a matéria dá entender. Seria melhor o caderno Lazer & Cia, na coluna social, mas não, a editoria de economia.
Aliás, trocarei o termo: não é inacreditável, mas sim, lamentável que um jornal como o Diário do Vale preste-se a esse papel. Afinal de contas, quem é do meio, sabe: o Sindicato do JC (esse é o melhor nome para ser definido) não representa a nossa classe. Ele pode até ter meios legais para sustentar o título de Sindicato, mas sinceramente, não representa a classe. Quando são suas eleições? Quem são os seus eleitores? Já que os jornalistas da região não fazem parte do sindicato do JC. Quem faz parte da sua diretoria? Onde estão os editais? Melhor: onde está a sede deste sindicato? Perguntas que não calam, jamais!
Tudo bem. Ele pode até ter ido à Vitória – exclusivamente – para a posse do novo presidente da Fenaj. Mas só para lembrar ao Diário do Vale: foi um evento pago, durante um congresso. Nada de convite, quiçá, exclusivo.
A matéria diz ainda que “JC disse que teve a oportunidade de conversar com o presidente Sergio Murilo e discutir sobre novas propostas possíveis para os profissionais de Jornalismo. Na conversa JC convidou o presidente para conhecer a Região. Murilo aceitou o convite, mas a data da visita ainda não foi marcada. Será a primeira vinda de um presidente da Fenaj ao Sindicato dos Jornalistas da Região”. Ele só esqueceu de dizer ao repórter do Diário do Vale que a Fenaj não reconhece o Sindicato dele como “sindicato” e que o assunto em questão no Congresso Nacional Extraordinário era para revisar e atualizar o novo Código de Ética dos jornalistas, que foi feito com a participação de uma delegação dos Sindicatos dos jornalistas do Estado do Rio de Janeiro e do Município do Rio de Janeiro.
ÉTICA. Palavra, aliás, que anda faltando por esta região. E para quem não se lembra do significado. De acordo com o dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ética é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto”. Percebam: conduta humana.
Se a matéria publicada no canto inferior esquerdo de uma página ímpar do Diário do Vale era para anunciar que o “nobre” presidente do sindicato foi a Vitória para prestigiar o novo presidente, foi dito. Mas eu – como jornalista que sou – não poderia me calar diante disto. Eu entendo como jornalista que o Diário do Vale tem a liberdade para publicar o que quiser. Mas é de se estranhar um relacionamento tão íntimo de um representante de classe com um representante do setor patronal, como ficou explícito na matéria divulgada. De fato, lamentável.
Quem me conhece, sabe. Eu não poderia ficar calada diante da matéria publicada hoje, no Diário do Vale, na editoria de economia. Por isso, escrevi a carta abaixo ao jornal Diário do Vale. Trata-se da opinião pessoal de uma jornalista que está cansada de ver tudo o que acontece nesta região e não fazer nada. Se você também é jornalista e também está cansado. Faça sua parte!
Resende, 7 de agosto de 2007.
À direção do Diário do Vale, aos editores, à chefia de reportagem e a quem interessar possa;
Inacreditável a matéria publicada na edição desta terça-feira, no Diário do Vale, na editoria de “Economia”, cujo o título é “JC vai à posse do Presidente da Fenaj”. Realmente. I-N-A-C-R-E-D-I-T-Á-V-E-L. Primeiro, porque falando de jornalista para jornalistas, o lead da matéria parece mais um release do que uma matéria redigida por um jornal. Segundo, ainda falando de jornalista para jornalistas, qual é o interesse dos leitores do Diário do Vale neste assunto (?), a não ser auto-promoção de JC Moreira, intitulado presidente do Sindicato dos Jornalistas do Sul Fluminense. Terceiro, se era para o jornal publicar algo sobre o Congresso que fosse sobre a discussão do novo código de ética dos jornalistas, mas não, de um evento social, como a matéria dá entender. Seria melhor o caderno Lazer & Cia, na coluna social, mas não, a editoria de economia.
Aliás, trocarei o termo: não é inacreditável, mas sim, lamentável que um jornal como o Diário do Vale preste-se a esse papel. Afinal de contas, quem é do meio, sabe: o Sindicato do JC (esse é o melhor nome para ser definido) não representa a nossa classe. Ele pode até ter meios legais para sustentar o título de Sindicato, mas sinceramente, não representa a classe. Quando são suas eleições? Quem são os seus eleitores? Já que os jornalistas da região não fazem parte do sindicato do JC. Quem faz parte da sua diretoria? Onde estão os editais? Melhor: onde está a sede deste sindicato? Perguntas que não calam, jamais!
Tudo bem. Ele pode até ter ido à Vitória – exclusivamente – para a posse do novo presidente da Fenaj. Mas só para lembrar ao Diário do Vale: foi um evento pago, durante um congresso. Nada de convite, quiçá, exclusivo.
A matéria diz ainda que “JC disse que teve a oportunidade de conversar com o presidente Sergio Murilo e discutir sobre novas propostas possíveis para os profissionais de Jornalismo. Na conversa JC convidou o presidente para conhecer a Região. Murilo aceitou o convite, mas a data da visita ainda não foi marcada. Será a primeira vinda de um presidente da Fenaj ao Sindicato dos Jornalistas da Região”. Ele só esqueceu de dizer ao repórter do Diário do Vale que a Fenaj não reconhece o Sindicato dele como “sindicato” e que o assunto em questão no Congresso Nacional Extraordinário era para revisar e atualizar o novo Código de Ética dos jornalistas, que foi feito com a participação de uma delegação dos Sindicatos dos jornalistas do Estado do Rio de Janeiro e do Município do Rio de Janeiro.
ÉTICA. Palavra, aliás, que anda faltando por esta região. E para quem não se lembra do significado. De acordo com o dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ética é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto”. Percebam: conduta humana.
Se a matéria publicada no canto inferior esquerdo de uma página ímpar do Diário do Vale era para anunciar que o “nobre” presidente do sindicato foi a Vitória para prestigiar o novo presidente, foi dito. Mas eu – como jornalista que sou – não poderia me calar diante disto. Eu entendo como jornalista que o Diário do Vale tem a liberdade para publicar o que quiser. Mas é de se estranhar um relacionamento tão íntimo de um representante de classe com um representante do setor patronal, como ficou explícito na matéria divulgada. De fato, lamentável.
Thais Torres é Jornalista.